Jéssica Cajuela por ela mesma
Nascida em 17 de outubro de 1987 na cidade de São Paulo no bairro do Cambuci, sempre morou em São Bernardo do Campo, grande são Paulo.
Desde muito nova demonstrou grande interesse por arte, realizando diversos cursos, entre eles música-flauta transversal, pintura, circo, teatro, e foi no ano de 2006 que ingressou na faculdade para fazer sua licenciatura em artes visuais.
Foi neste período que sua dedicação passou a ser exclusiva nesta área, conheceu diversas técnicas das quais a mais significativa para sua construção poética pessoal foi a do stencil.
Seu olhar sempre se encantou com as intervenções urbanas presentes em nossa cidade, principalmente em relação ao graffiti. Foi em 2007 que, utilizando a técnica do stencil, passou a fazer do espaço público e democrático das ruas uma grande tela para realizar suas obras.
Nesta fase vivenciou uma grande dificuldade que foi o fato de ser mulher, pois vivemos em uma sociedade extremamente excludente e machista, os artistas, os graffiteiros e os homens em geral agem de acordo com tal pensamento social, e uma mulher artista, graffiteira, marginal, não é vista com bons olhos...
Todas as dificuldades que ela encontrou nesta caminhada refletiram claramente em sua produção, a figura feminina tomou conta de suas obras.
No ano de 2009 realizou uma série de trabalhos (graffiti e tela) utilizando a técnica do stencil com figuras de mulheres anônimas guerreiras.
Foi aprimorando suas técnicas e o manuseio do spray e começou a realizar figuras femininas com maior liberdade feitas a mão livre, sem utilizar mais a máscara do stencil, que passou a ser um complemento de suas obras, surgindo assim suas belas e coloridas estampas feitas com diferentes máscaras.
Em 2010 foi convidada para ministrar um workshop de graffiti no Fórum estadual de mulheres no hip-hop, este encontro ultrapassou as barreiras estaduais e contou com a participação de mulheres do Brasil inteiro.
No início do workshop a ânsia por se expressar das mulheres era tanta (mulheres que, em sua maioria, nunca haviam segurado um spray) que em segundos os pedaços de madeira estavam forrados de cores, espirrões de tinta, bolas, manchas, letras...
Com mais calma, depois de aprenderem a técnica do stencil, cada uma realizou uma obra onde a questão estética foi melhor trabalhada, todas as obras foram levadas embora no encerramento.
Ao arrumar a sala depois do workshop ela se deparou com os primeiros trabalhos realizados sem nenhuma técnica, imposição, proposta, apenas a livre expressão das diversas mulheres que ali passaram, todos estavam jogados ao chão e em breve estariam em uma lixeira, com isto, ela começou a se questionar: Serão apenas manchas e borrões? Não!
Aqueles eram os trabalhos mais sinceros que aquelas mulheres poderiam ter feito, eram a ânsia, a vontade de gritar!!! Ela recolheu todos os pedaços de madeira, colocou-os em uma sacola, despediu-se e partiu sem saber o que fazer com aquilo.
Ao chegar em sua casa colocou-os em um canto e lá permaneceram por um tempo...até que surgiu a resposta:-Uma colcha de retalhos!!!
Sua série de pinturas nomeada “Retalhos de mulheres do Brasil” que teve início em 2010 e segue sendo executada neste ano surgiu a partir destes pedaços de madeira em que de um lado a artista pinta mulheres anônimas, de olhar fixo e penetrante, que se mostram seminuas, com um “fundo sociedade estampado” que delicadamente tenta cobri-las, apaga-las, engoli-las, assim como a seus sonhos e esperanças, e do outro lado os riscos, manchas, letras e borrões de mulheres do Brasil inteiro que um dia, de verdade, colocaram suas mãos nestas madeiras e expressaram quem são, e que, infelizmente, continuam sendo anônimas e caladas...
Jéssica Cajuela
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| Retratos de Mulheres do Brasil 1 (2009) |
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| Retratos de Mulheres do Brasil 2 (2010) |
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| Retratos de Mulheres do Brasil 3 (2011) |
Spray e latex sobre tela (abril de 2011)
Quadro pintado durante o evento de abertura da Frente Nacional de Mulheres do Hip Hop em Rio Grande da Serra, realizado no dia 17/04/2011 (www.fnmh2.blogspot.com) 
