segunda-feira, 2 de julho de 2012

ORFF




Carl Orff
Compositor, maestro e professor alemão
10-7-1895, Munique
29-3-1982, Munique

Entre a extensa e magnífica produção de Carl Orff, em que se detecta a influência de Igor Stravinsky e de Claude Debussy, destaca-se a conhecida cantata Carmina Burana (1937). Suas demais obras são muito raramente interpretadas. Entre elas, devem-se mencionar: as óperas A Lua (1939) e Sonho de uma Noite de Verão (1952, revista em 1964); as composições para a Páscoa e o Natal (1956 e 1960), de cujos textos também é autor; ou as cantatas. As bases musicais deste compositor estendem-se desde a cultura popular da Baviera até o drama grego, passando pelos mistérios cristãos. Suas peças teatrais, a que Orff chamava "teatro total", pretendem ser obras completas em si mesmas. A música de Orff, que se caracteriza pelas simples repetições de melodias, texto e motivos, bem como pelos ritmos efetivos e diferenciados, produzidos por instrumentos de percussão recorrentes, é posta a serviço da ação corporal e raramente ultrapassa a notação tonal. Com ela, Orff aspirava reencontrar o teatro musical, de caráter mágico e religioso, da Antiguidade. Como professor, Orff teve influência decisiva sobre várias gerações de músicos. A sua Schulwerk (obra didática, 1930-1935, revista em 1950-1954), que integrava o pensamento musical elementar e a improvisação espontânea, teve repercussão internacional na educação musical precoce. Para pôr em prática suas idéias, Orff desenvolveu (em conjunto com Karl Maendler) o Instrumentário de Orff, constituído por instrumentos de percussão de todos os tipos. Em 1924, foi um dos fundadores de uma escola em Munique dedicada à ginástica rítmica e à dança (Escola Günther), uma vez que, para seu trabalho pedagógico, a unidade da música, do movimento e da linguagem era de importância fundamental. Em 1990, foi inaugurado em sua cidade natal o Instituto Estatal Orff de Investigação e Documentação.
 

Carl Orff gostava de temas da Grécia antiga, sua música tocava o que era raro na época (auge do nazismo), ou por ser temido ou destemido. Vinha de origem judaica, embora negada, com pais convertidos.
         Orff causava mágoa às pessoas e até esposas, ele vivia da arte e para a arte. Na velhice se tornou mais sensível, acessível e mais doce que fez com que somente sua última esposa falasse dele com carinho.
         Orff tinha interesse por idiomas antigos, viajou pela África se interessando por pesquisas de instrumentos variados e manifestações artísticas.
Orff acreditava que em todo homem existe algo de artista que pode morrer ou desenvolver, e sua meta pedagógica era descobrir esse artista escondido no homen e despertá-lo. Orff buscava esse artista nos pequeninos, nas crianças, usando sua metodologia que insere-se no contexto da pedagogia ativa do início do século XX, preocupada em valorizar a criança, respeitando seus estágios, fazendo da criança e de sua existência um ser pleno, capaz de criações pessoal e de desenvolver assim sua personalidade.


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Instrumentos Orff

Os instrumentos Orff são instrumentos de sala de aula. Estes foram projectados e adaptados para que todas as crianças terem acesso à música. Todos os instrumentos de sala de aula, com excepção da Flauta de bisel, são instrumentos de percussão (pois são batidos). Estes por sua vez podem ser classificados de duas maneiras: Quanto à sua Altura – Definida ou Indefinida; Quanto à sua Família – Peles, Madeira ou Metal
Os instrumentos de Altura Definida
Flauta de bisel; Xilofone Baixo; Xilofone Contralto; Xilofone Soprano; Metalofone Baixo; Metalofone Contralto; Metalofone Soprano; Jogo de Sinos Soprano e Jogo de Sinos Contralto.
Instrumentos de Altura Indefinida
Bombo; Pratos; Gongo; Castanholas; Triângulo; Caixa Chinesa; Reco-reco; Pandeireta; Maracas; Guizeira; Clavas; Tamborim; Prato Suspenso; Bongós; Caixa de Rufo; Windchime; Temple-block; Timbales e Congas.
Instrumentos por Famílias
Madeiras: Xilofone Baixo; Xilofone Contralto; Xilofone Soprano; Castanholas; Caixa Chinesa; Reco-reco; Maracas; Clavas; Temple-block. Peles: Bombo;Tamborim; Pandeireta com pele; Caixa de Rufo; Timbales Congas; Bongós. Metal: Metalofone Baixo; Metalofone Contralto; Metalofone Soprano; Jogo de Sinos Soprano e Jogo de Sinos Contralto; Triângulo; Pandeireta sem pele; Guizeira; Windchime; Gongo; Pratos
(Disponível em  http://pt.wikipedia.org/wiki/Orff-Schulwerk acesso em 01/07/2012)

Instrumental Orff - Coerência, Sonoridade e Encantamento

O Instrumental Orff é composto por uma coleção grande de Instrumentos de Percussão concebidos e organizados pelo alemão Carl Orff, grande pensador pedagógico na área da música.
Orff defendia que o tipo ideal de música para as crianças estaria sempre conectada a outras atividades como movimento, dança e fala fazendo assim da atividade musical uma constante e agradável participação ativa dos alunos.
Sempre a favor da prática Carl Orff dizia que a música tinha encantamento e fantasia.
Na parte Instrumental Orff se inspirou em instrumentos como o balafon africano e o gamelan asiático para a confecção dos xilofones e metalofones pedagógicos, onde as teclas são removíveis proporcionando conceito de escalas e tonalidades. Há 3 Naipes: Baixo, Contralto e Soprano nos xilos e metalos além de glockenspiel. Cada um destes instrumentos possuem 13 teclas e curiosamente sempre são, para fim de notação ao professor e não de aplicação de leitura com os alunos, escritos na clave de sol seja ele do naipe dos baixos, coltraltos ou sopranos, apenas utilizando o recurso de oitava pegado à clave para fazer a sua tranposição. A tessitura é curiosa também, uma vez que se vai do DO ao LA da outra oitava, utilizando assim apenas uma linha suplementar acima e abaixo nas notações dos seus arranjos.
                                                                           
Nos Cadernos de propostas da Coleção Music for Children os arranjos para instrumental Orff, sempre muito coerentes, se fazem de recursos muito práticos em relação a sua execução musical, tendo como pilar fundamental quatro principais funções:
O Baixo, que fará o "peso" da música, função que planta a música no chão, responsável pelo andamento regular e tônica da música, utilizando o que chamamos de bordão. Há diversas formas de bordão, simples, duplos, de níveis, arpejados, cruzados, porém sempre destacando a relação tônica/dominante. Em classes mais completas utiliza-se as Barras Graves, lâminas individuais fixadas em suas caixas de ressonâncias que apresentam belíssimos graves envolventes (estes escritos em clave de fá).
O Contralto responsável pelo "corpo" harmônico da música, o que chamo de "abraço" que quase sempre se apresenta com um Ostinato elemento que sem dúvida nenhuma Orff acertou quando afirmava que tal recurso (ostinato) traria segurança para a criança na hora de executar.
O Soprano maioritariamente responsável pelo "contorno" musical, ou seja a linha melódica que parte de uma série progressiva em seus livros, partindo da escala pentatônica para depois evoluir a hexatônica e enfim para todos os modos heptadiatônicos, não menosprezando nenhum, onde procura coerência rítmica atrelada a movimentos melódicos orgânicos.
E por último, mas não menos importante, o "Brilho" da música, o que decora o arranjo - metafóricamente análogo ao que a lantejoula é para a fantasia, ou o batom e o brinco são para o realce feminino, que é geralmente inserido no glockenspiel com interferências sutis e ponderadas de notas agudas que tilintam na estrutura da peça.
Em resumo, os arranjos procuram atender os anseios auditivos que se fazem por satisfeitos quando abrangem uma ampla tessitura, atendendo às demandas de peso, corpo, contorno e brilho que a música pede.
Outro ponto de excelência nesta abordagem, é o fato de todos os instrumentos conseguirem tocar todas as vozes durante o processo de memorização e execução das partes, fazendo com que os alunos estejam o tempo todo entretidos e envolvidos pela estrutura da peça.

No Brasil, uma das principais empresas que fabricam o Instrumental Orff é a Jog Music (visite o Site),  localizada na cidade de Rio Claro a empresa entrega para todo o Brasil.
Em relação a Cursos, podemos encontrar dezenas deles sobre o Instrumental Orff, mas o mais interessante são os curso que estão relacionados à Abordagem Orff como um todo. Um dos mais renomados cursos de Formação e Certificação é o "The Certification Orff Program" realizado pela San Francisco School, em San Francisco, Califórnia. Acontece todos os anos sempre na primeira quinzena de Agosto e é dividido em 3 níveis. Básico, Intermediário e Avançado. Cada etapa dura 2 semanas e tem 65 horas de carga horária. Para que se possa concluir o curso é necessário ir durante 3 anos (um para cada nível), porém não é preciso que seja consecutivo. No site da SFORFF (clique aqui) você adquire mais informações. Este anos as vagas já foram esgotadas. Há outros excelentes Cursos Orff no Exterior, como o Curso de Verano em Madrid "Musica y movimiento en la Educaión" pela Asociación Orff España, o Sommerkurse - "Internationaler Sommerkurs", pelo Orff Institut Salzburg.
No Brasil, a cada 2 anos acontece o Curso Internacional Orff-Schulwerk pela Associação Brasileira Orff (ABRAORFF), onde são convidados renomados profissionais da área para ministrarem cursos como Doug Goodkin, Sofia Lopez-Íbor, James Harding, Bárbara Haselbach, Kofi Gbolonyo, entre outros. 

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Resumo do texto: “Carl Orff, um compositor em cena”
de Melita Bona
Retirado do livro “Pedagogias em Educação Musical” (Tereza Mateiro/ Beatriz Ilari –org.)
por Jéssica Cajuela


Em meados do século XX, período marcado por inúmeras transformações, a Primeira Guerra Mundial, declínio do idealismo, surgimento do impressionismo e da atonalidade, a educação buscava novos direcionamentos, e foi, neste cenário, que Carl Orff produziu os cinco volumes de  Orff-Schulwerk (sua obra voltada para a educação musical.) e que parte do princípio de que “a educação musical- elementar ou básica- parte do entendimento de que linguagem, música e movimento estão originalmente interligados pelo movimento rítmico.” Sua proposta visa o ensino musical por meio da prática musical.



Proposta pedagógica
4.3 Obra escolar: sons e palavras em movimento

Orff fundamenta seus experimentos com os alunos de ginástica, dança e música da Güntherschule, juntamente com professores como Guinild Keetman (música e movimento), e a dançarina Maja Lex (discípula de Laban), ampliou a maneira como o acompanhamento musical era feito nas danças e exercícios de movimento, incluindo outros instrumentos além do piano. Os alunos deveriam acompanhar as coreografias enquanto tocavam um instrumento, depois deveriam criar músicas para essas estruturas, o que trouxe a necessidade de elaboração de instrumentos mais fáceis de aprender e manusear. Juntamente com o musicólogo Curt Sachs e o construtor de instrumentos carl Maendler, surgiu o Instrumental Orff.
“Livre de ideologias e regras fixas, a OBRA ESCOLAR surge, inicialmente, a partir do acervo de canções infantis e folclóricas do sul da Alemanha e Áustria.”



4.3.1
Essência
Está na música elementar ou básica, que, como exemplifica o próprio Orff:
“O que é elementar? Elementar, em latim elementaius, quer dizer “pertencente aos elementos, primeira matéria, primeiro princípio, relacionado ao princípio”. Prosseguindo, o que é música elementar? Música elementar jamais será unicamente música, ela está interligada ao movimento, á dança e a linguagem, é aquela música, realizada pessoalmente pelo indivíduo, com a qual ele está vinculado como executante e não apenas como ouvinte. Ela é pré-espiritual, desconhece as grandes formas e a arquitetura, ela contém apenas formas de sequências, ostinati e pequenos rondós.  Música elementar está a flor da terra, é natural, corpórea, pode ser aprendida e vivenciada por todos, é adequada á criança.” (Orff, 1964 [1951], p.16, tradução nossa, grifo do original)


 

.Linguagem
“Os nomes próprios, as rimas, as canções infantis e os poemas encontram-se nas bases de padrões rítmicos, improvisações melódicas e atividades corporais, constituindo o ponto de partida para pequenas células rítmicas.”





.Música
“No início, são utilizados pequenos motivos melódicos, de três e cinco tons. De forma gradativa esse âmbito é ampliado para diversos modos – pentatônico, os antigos, o maior e o menor, até a música contemporânea.”




 
.Movimento
“Nesse campo, são explorados os movimentos corporais, as formas de deslocamento com suas variantes e os diferentes passos, embasados nas brincadeiras de roda e danças folclóricas de diferentes países.(...) Ao propor o movimento corporal como base do entendimento da música, Orff segue o caminho apresentado por Jaques-Dalcroze e Von Laban.”



.Improvisação
“Na proposta de Orff, a improvisação desempenha uma função determinante. Segundo Haselbach (1971), a improvisação – criação de uma música própria – faz parte do princípio gerador da Obra Escolar e deve ser contemplada pelo professor em cada aula.”
As categorias de improviso mencionadas são: Improvisação melódica, improvisação rítmica, improvisação idiomática (textos, palavras) e a improvisação de movimentos.

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terça-feira, 26 de junho de 2012

Danças e Percussão Brasileira


Durante as aulas de Dança e Percussão Brasileira com a professora Kelly Guimarães, entramos em contato com alguns ritmos:


Encontro de Caboclinhos - Recife - 2008




 GRUPO Por do Sol - CIRANDA




Maracatu Nação Pernambuco

 


COCO RAiz Livre


CACURIÁ de Dona Teté



Eu sempre tive um grande encantamento e curiosidade pelos ritmos, danças e cultura brasileira, porém, até o momento, nunca havia tido oportunidade de emergir (mesmo que por pouco tempo) neles.

A Maneira como as aulas foram organizadas (primeiramente aprendemos a dançar estes ritmos e depois, em um segundo momento, aprendemos a tocar)  foi muito interessante pois, ao corporeificar o novo ritmo, o aprendizado do instrumento foi muito mais fácil.

A utilização da ludicidade, das brincadeiras e histórias, para iniciar o trabalho com um novo ritmo foi ótima, e é algo que dá muito certo em sala de aula!

Uma  pena foi o pouco tempo que tivemos, apenas três encontros...

Mas foi bom para despertar ainda mais a curiosidade! A partir daqui sei que tenho muito para pesquisar...

E foi em uma dessas pesquisas que eu encontrei o material que estou disponibilizando abaixo, são as partituras de alguns ritmos brasileiros.  Achei o material bem interessante!!!





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EXPERIÊNCIA PRÁTICA

Experiência 1:

Local: Ceu ALvarenga
Público-alvo: Alunos do 6º ano ao 9º ano
Evento: Dia do desafio (um dia em que a escola promove inúmeras atividades que visam a prática de exercícios físicos)

No dia do desafio o Ceu Alvarenga dividiu a escola em inúmeras "oficinas" de atividade física, desde passeio; trilha no bosque, corda, volei, queimada, etc. Eu fiquei como responsável da oficina de ciranda, consegui uns tambores e pandeiros, e levei umas clavas.
Na hora das crianças escolherem que oficina fariam, apenas 5 meninas vieram para a ciranda, as outras estavam com vergonha.
Foi eu colocar a música para tocar e começar a ensinar os passos, que, aos poucos, a roda foi aumentando. Chegou um momento que eram mais de 20 crianças!
Primeiramente ensinei a dança, e, em seguida, distribuí os instrumentos e ensinei como se tocava cada um.
Alguns alunos participam de um projeto extraclasse chamado "batuque" e tiveram a maior facilidade para segurar a percussão!
Foi um barato! No fim eles escolhiam se queriam tocar ou dançar...
O que sei é que, quando o tempo da oficina acabou os alunos brigaram comigo:
-Ah não professora, não pará não! Vamos dançar mais uma vez!!!

Foi uma experiência deliciosa....

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Experiência 2:

Local: Escola Estadual Julieta Vianna Simões de Sant´Anna
 Púublico-Alvo: Alunos do 6º ano
Evento: Festa Junina

Eu comecei a trabalhar a ciranda nas aulas de artes com os 6ºs anos. No início eles acharam meio estranho, alguns se recusavam a dançar...
Quando eu levei os instrumentos pra escola, os alunos se encantaram! Era briga pra ver quem iria tocar o tambor ou o pandeiro!
A experiência deu muito certo, em determinados momentos eu dividia a sala e, enquanto uns tocavam e cantavam, os outros dançavam...eles adoraram!
Estava próximo da festa junina da escola, e, os próprios alunos vieram me pediar para dançarem a ciranda na festa junina, eu topei! Adorei ver a empolgação deles!
 Chegada a festa eles se apresentaram, foi um sucesso!!!

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Experiência 3

Local: Morro do Querosene
Evento: Festa do Boi

Sabado dia 23, eu recebi um convite do Teco e da Lorena (Filha dele) para ir á uma festa do Boi, no Morro do Querosene.
Adorei!!!!
 Ao chegar lá, quase não acreditei no que eu via, era literalmente todo tipo de gente vivendo, fazendo e recriando a cultura brasileira e, consequentemente a cultura paulistana.
Fiquei encantada com tudo aquilo.  Até arrisquei tocar uns pedacinhos de madeira junto, e tentar aprender alguns passos da dança...
Á minha frente estava simplesmente o Carrasqueira (CARACAAAA!) se divertindo, tocando e cantando...
Foi uma noite mágica que deixou um gostinho de quero mais!!!! E ter a oportunidade de entrar em contato com uma expressão cultural tão forte e linda como essa, aqui em São Paulo, foi demais!

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Acredito que o Educador Musical tem, como obrigação, promover o acesso de seus alunos á cultura, dança ritmos e folclore brasileiro.
É preciso desparadigmatizar o ensino musical, ele pode sim ser feito a partir de nossa música...e acredito que, a partir dela, esse ensino ganha muito mais sentido!

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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pesquisa Sonora e Improvisação






INTUIÇÃO

                         Por Jéssica Cajuela 


Como caminhar
Sem saber pra onde ir?
Para que seguir assim,
Descobrindo o intocável?
Tantas vezes embebido em medo,
Receio, aflição.[1]



 A experiência que não está escrita,
Paradigmada,
Dita,
Atraí os curiosos,
Corajosos,
Criativos.
E traz a novidade,
O movimento espontâneo
Da busca e descoberta,
Do corpo, do todo, do tudo.[2]





Ao descobrir o tudo,
Muito encontramos entre linhas,
Entre sons,
Entre seres e seus ruídos da vida,
na vida.
E o ruído ganha forma,
Intenção, solução.[3]







E a história vida,
Viva,
Se recria,
Se musica,
Se faz,
Se imita.[4]


Um improviso,
Que sai da rotina,
Que sai do escrito,
Que sai do previsto,
Que segue o compasso
Do dito e não dito.

A falta que sobra,
A sobra que falta.
O calar de um canto,
Um canto calar.
Regra que liberta,
Liberdade que recria.[5]




Recria o verso,
A rima, a poesia,
A métrica, altura, timbre,
Compasso, refrão.
Recria a visão,
O entendimento,
A compreensão.

Recria a vida,
A música,
A intuição.[6]







 
[1]  Ao refletir sobre a presença da matéria “Pesquisa sonora e improvisação” em um curso de pós-Graduação em Educação Musical, é preciso questionar o Por Que do ato de improvisar. Qual a sua importância no/ para o Ensino musical?

[2] Achei muito interessante a metodologia adotada pela professora Enny Parejo  para dar início ás aulas de improvisação. O ponto inicial foi o corpo e o movimento, a liberdade, sem medo, regras, receios,  e, a partir do movimento, começamos a recriar e repensar o som.

[3] Outro aspecto muito interessante das aulas foram as experiências de pesquisa sonora, onde foi possível expandir muito a percepção acerca do mundo de sons que nos rodeia e das possibilidades de imitação, reprodução e criação desses sons, o que trouxe possibilidades infinitas para se pensar em improvisação e em suas aplicações na educação musical.

[4] Após ouvir o mundo ao nosso redor, nos foi proposto sonorizar histórias utilizando os mais variados instrumentos, objetos, sons e movimentos. Foi uma experiência muito interessante, pois, ao se apropriar dos sons do mundo e tentar recriá-los em determinada situação, estes sons passam a ter sentido, objetivo, intuito. Por meio da escolha de determinado som em detrimento de outro, o aluno começa a estabelecer estruturas sonoras e desenvolver técnicas de reprodução , o que torna a sonorização de histórias um caminho para a prática musical.

[5] Após realizarmos pesquisas sonoras e sonorização de histórias, nos foram propostas experiências em que realizamos a música pela música e não mais a música, os sons, em detrimento de algo (como,por exemplo, uma cena de uma história). Estas experiências de improviso foram realizadas de diferentes maneiras, ora em grupos menores, ora com ostinatos coletivos e solos individuais, ora com corpo, ora com instrumentos, ora com regras mais rígidas, ora com maior liberdade. A experiência de viver e recriar a música com liberdade é sempre maravilhosa!

[6] Para que improvisar? É preciso trabalhar isso com nossos alunos?
Eu acredito que, se desejamos formar cidadãos criativos, críticos, perceptivos, e, acima de tudo, livres, o improviso é fundamental e essencial em uma aula de música...
Infelizmente eu não tive uma formação musical com essa liberdade, fui educada nos moldes “tradicionais” de ensino musical, e essa liberdade ainda hoje me faz muita falta.
O que me resta é tentar voar atrás dela, quem sabe um dia eu a alcanço...

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