CURSOS

 CURSO: Tão Perto Tão Longe II- Exposição: Em Nome dos Artistas
Bienal de Artes de São Paulo
09/2011 a 12/2011

- Proposta investigativa 1:


Como você vê o que você vê?

Na arte contemporânea o público não é mero observador, ele é ativo na construção da própria obra, sua maneira de ver, de entender e de ser no mundo criam significados particulares. As pessoas se relacionam com os objetos de arte de maneira singular de acordo com a bagagem cultural que carrega consigo, com suas experiências de vida, com seus gostos e suas crenças.
         É possível dizer que a arte contemporânea é um espelho de nossas vidas pois a interpretamos de acordo com o reflexo daquilo que somos.
        Durante a oportunidade que tive de visitar a exposição "Em Nome dos Artistas" no dia 29/09/11, pude perceber e refletir sobre essas construções individuais de leituras que fazemos a todo momento. Por diversas vezes em conversas em grupo sobre as obras apresentadas surgiram leituras, questionamentos e interpretações que a princípio eu não havia feito e que foram sendo somadas ás minhas, e em outros momentos certas reflexões apresentadas não se enquadravam em minha forma de ser e  pensar, não se enquadravam em minha interpretação e não passaram a fazer parte desta.
            Logo no início da visita entrei em contato com a obra “Eu Sinto Amor- 1994-95” de Damien Hirst, que, a princípio, me deixou extasiada com sua composição, era leve, limpa, bela...ao me aproximar da obra e verificar que a mesma era feita de borboletas de verdade (que por sinal é meu animal favorito) este sentimento se converteu em um grande repúdio, nojo, inconformismo. Surgiram diversas reflexões, desde o questionamento do por que o artista havia feito isso até a construção de um pensamento sobre o objeto apresentado.
            Damien Hirst brinca com os opostos, com o antagônico, e trabalha estas ideias e sentimentos de maneira dialógica. Sua obra causa atração e repulsa ao mesmo tempo. Ele congela a beleza, mas ao mesmo tempo ele priva de liberdade e do direito á própria vida. Esta incessante busca pelo belo em nossa atual sociedade em detrimento da eterna insatisfação do ser humano com seu corpo, com seus amores, com sua família, com seus pertences, está presente neste objeto. Ninguém deseja prolongar os momentos ruins da vida, todos desejam prolongar a beleza e os momentos bons, nem que para isso seja preciso acabar com a própria vida...
            Mais alguns passos eu me deparei com outra obra do mesmo artista, “Mãe e filho divididos-1993”, acredito que, por ter estudado, pesquisado e visto imagens da mesma antes de vê-la pessoalmente o choque não foi tão grande assim, eu já tinha uma noção prévia do que encontraria...
            Duas vidas que foram cortadas ao meio e não são duas vidas quaisquer, é a vida de uma mãe e de um filho! Quem é esta mãe? Quem poderia ser esta mãe? Quem é este filho? Quem são as meninas mães que surgem todos os dias e que trocam a boneca por um bebê? Quem é dono de sua própria vida?  Quem são as mães e filhos que morrem todos os dias e que ninguém coloca em um aquário para a gente olhar e refletir sobre o que está acontecendo em nossa sociedade?  No mesmo instante que via esta objeto lembrei da série “Minha mãe morrendo” do artista Flávio de Carvalho, que assim como Hirst congelou a morte da vaca, Flavio congelou os instantes finais de sua mãe até o momento de sua morte.
Nesta obra Hirst congela a própria morte e não tenta “disfarça-la” de bela como faz em “Eu Sinto Amor”, nesta obra ele faz questão de mostrar a todos a fragilidade da vida, faz com que o público passe no meio do animal e observe suas tripas, que só estão lá porque o artista quer que esteja, caso contrário, estaria a sete palmos do chão virando adubo, como é o fim de todos nós...A vida passa e a morte também passa, como podemos ver na obra “Placebo Azul” de Félix Gonzalez – Torres, que retrata a morte com balas azuis que são retiradas pouco a pouco da instalação e vai diminuindo o peso da morte até este não existir mais, não passar de lembrança.
Depois de refletir sobre estes objetos e as questões de vida e morte, outra obra que chamou minha atenção foi “A Viagem do Beagle, dois-2008” da artista Rachel Harrison. Enquanto Hirst questiona a fragilidade da vida e a busca incessante que o homem contemporâneo tem de “prolongar” a  vida e o belo, Harrison nos mostra as consequências desta incessante busca que resulta em uma sociedade consumista, materialista, descartável. Porém, ao mesmo tempo que a artista nos coloca perante esta sociedade descartável, ela nos mostra que este não é o único caminho que temos a percorrer, podemos  transformar nosso trajeto, reelaborar nossos rumos, e isto depende de nossas escolhas...É possível relacionar também a obra “Nutsy´s McDonalds-2001” de Tom Sachs com estas questões ligadas ao consumismo e ás aparências, pois, ao utilizar o logo do McDonalds em seu carrinho, ele transforma o mesmo em algo que na verdade não é, questiona a sociedade atual que acredita que o importante é o que você parece ser, e não o que você é de verdade!
Saí da exposição com inúmeras reflexões, dúvidas, pensamentos, e acredito que este seja um dos principais objetivos da arte contemporânea. Esta exposição leva o homem a refletir sobre sua própria existência, pelo menos me levou á isso. Porém, como a arte contemporânea não está pronta, cada um a cria e a constrói á sua maneira, pode ser que nada disso que eu tenha pensado faça qualquer sentido para você...

         













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ALUNA ESPECIAL - MESTRADO- UNESP
Matéria: ARTE BRASILEIRA- Professor Percival Tirapelli
03/2011 a 07/2011


Aqui você encontra materiais acerca de assuntos relacionados à arte brasileira discutidos no mestrado na UNESP com o professor Percival Tirapelli.

Segue abaixo minhas apresentações de seminários, o primeiro sobre o meu projeto de pesquisa, o segundo sobre artistas mulheres do século XIX.


 






Fotos do curso de extensão "Barroco Memória Viva" UNESP- Professor Percival Tirapelli
MINAS GERAIS - JUNHO DE 2011